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Os britânicos celebram, nesta sexta-feira (31), a decisão histórica do rei Charles III de retirar o título de príncipe de seu irmão Andrew, embora esta medida possa não ser suficiente para pôr fim à sua queda em desgraça nem às intenções do Parlamento de supervisionar a família real.
"Finalmente!", estampou o Daily Mirror nesta sexta-feira, enquanto o The Sun ironizou com "Andrew, anteriormente conhecido como príncipe". A última vez que um príncipe foi destituído de seu título pelo rei foi em 1919, durante o reinado de Jorge V.
Ao saber da notícia de que Charles não apenas havia retirado o título de príncipe, mas também ordenado seu exílio longe de Windsor, o público presente durante a gravação de um programa de destaque da BBC na noite de quinta-feira explodiu em aplausos espontâneos.
"É realmente um passo corajoso, importante e justo por parte do rei", reagiu imediatamente a secretária de Estado da Cultura, Lisa Nandy.
"O rei agiu com determinação e firmeza ao expulsá-lo de Royal Lodge. Sua Majestade e o príncipe William não podiam suportar que a família real sofresse mais danos", escreveu o The Sun nesta sexta-feira.
O interminável escândalo derivado dos vínculos entre Andrew e o pedófilo americano Jeffrey Epstein envenena a vida da família real desde 2011, quando a principal denunciante do financista acusou o segundo filho de Elizabeth II de tê-la explorado sexualmente, inclusive duas vezes quando tinha 17 anos.
Acusações que Andrew sempre negou, sem conseguir convencer.
Embora Andrew, de 65 anos, não exercesse nenhuma função oficial desde 2019, as acusações contra ele não param de ressurgir, impulsionadas nos últimos dias pela publicação das memórias póstumas de Virginia Giuffre, onde ela detalha suas denúncias com riqueza de detalhes.
Mesmo depois de anunciar, em 17 de outubro, sua renúncia ao título de duque de York, vieram à tona novas revelações constrangedoras, como o fato de que Andrew hospedou em sua casa Jeffrey Epstein, sua cúmplice Ghislaine Maxwell e o ex-produtor de Hollywood Harvey Weinstein — condenado por estupro — para celebrar o aniversário de sua filha mais velha em 2006.
- Tarde demais? -
A situação havia se tornado insustentável para a família real. E apesar dos elogios, muitos apontam que a decisão chega tarde demais.
Uma fonte do Palácio de Buckingham alegou, no entanto, que a medida exigia "assessoria jurídica e constitucional especializada".
Charles "deve sentir certo alívio após ter seguido o procedimento adequado e mantido contato com sua família", estimou nesta sexta-feira na BBC John Dimbleby, historiador e amigo do monarca.
Na prática, Andrew — que continua sendo o oitavo na linha de sucessão ao trono — se instalará na propriedade de Sandringham, no condado de Norfolk, propriedade privada do rei, que continuará financiando-o.
Por ora, não se sabe a data de sua mudança, embora a mídia britânica esteja acampada há dias em frente à sua residência.
Ao exilar Andrew, o objetivo do rei é fazer esquecer este irmão tão tóxico e retirar a família real do escândalo. Mas muitas perguntas permanecem sem resposta.
Segundo Andrew Lownie, biógrafo do duque caído em desgraça, o ex-príncipe está longe de ter se livrado de seus problemas e pode enfrentar inclusive processos judiciais.
A polícia de Londres investiga uma informação da imprensa segundo a qual Andrew teria pedido ao agente encarregado de sua segurança que buscasse dados sobre Virginia Giuffre para desacreditá-la.
W.Herrmann--SbgTB
 
                                 
                                 
                                